Vou porque preciso conhecer o mundo. Vou porque as fotografias não me
satisfazem: preciso dos ares, dos arredores, dos autores. Mais do que a
história de cada lugar, preciso conhecer quem narra o que é escrito.
Conhecer as distâncias e fazer parte do dia-a-dia, ser vizinha de seu
povo, me perder em suas ruas, tropeçar em suas pedras, provar da sua
comida e falar sua língua. Ser meretriz em Barcelona, apaixonada em
Veneza, livre em Paris. Me casar em Dublin, ser traída em Moscou,
esquecer em Roma. Ter um apartamento grande com quartos e salas inúteis,
um apartamento pequeno onde cada canto é casa, uma casa com sacada e
janelas enormes que dão pro jardim. É por isso que eu preciso ir embora. As roupas já não me cabem, o corpo
já não me veste. O que eu sei já não me conforta. Sou doente de mim
mesma e só consigo ser feliz quando deixo todas as minhas certezas e
parto pro desconhecido. Porque partir é mais do que abandonar as
origens, é se originar em outro canto e eu me reinvento todos os dias. Vou porque o que tá lá fora me chama. Vou, nem que seja pra descobrir que meu lugar é aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário